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O governo do Uruguai pedirá ao Mercosul que investigue a reforma trabalhista proposta pelo golpista Temer e recentemente aprovada pelo Congresso.

A reforma desregulamenta o mercado de trabalho em nosso país, passando a valer não mais a legislação e sim o que for “acordado” entre patrões e empregados, em cada empresa ou ramo de trabalho.

Com isso, os contratos podem ser feitos da maneira mais frágil possível, com o trabalhador tendo que aceitar até mesmo a redução do salário para não perder o emprego.

O Uruguai reclama, com razão, em duas vertentes: a primeira é que eles querem saber se o Brasil, com a reforma, quebrou o acordo com os demais países do Mercosul ao criar uma lei que retira direitos dos trabalhadores.

A segunda reclamação tem a ver com a concorrência desleal do mercado de trabalho brasileiro: se os salários no Brasil diminuírem substancialmente com a reforma e o fim da carteira de trabalho, com todos os direitos nelas contidos, o produto brasileiro ficará mais muito barato de um momento para o outro, e invadirá os vizinhos, trazendo, por sua vez, desemprego e a falência das indústrias destes.

Ora, o Mercosul foi criado levando em consideração a criação de um grande e quilibrado mercado econômico na América Latina, com leis comuns e até mesmo – no futuro – uma moeda comum (pelo menos no comércio). O Mercosul, em resumo, é uma forma de resistência à invasão dos produtos da América do Norte, Europa e Ásia. Uma defesa, em ultima análise, das economias e empregos na América Latina.

O enfraquecimento do Mercosul é um retrocesso tremendo para o nosso continente e faz parte do golpe dado contra Dilma.

Não à toa, a partir do momento em que, graças a ingerência do Brasil, a Venezuela foi suspensa do Mercosul, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que uma invasão militar daquele país por forças estadunidenses poderia ocorrer.

O papel do Mercosul é o de mediar a crise naquele país e não o de “ajudar” a jogar a Venezuela – país com a maior reserva de petróleo do mundo – em uma guerra, correndo o risco até de uma invasão por parte dos Estados Unidos.

Veja onde o golpe de Temer nos trouxe: enorme desemprego, crise fiscal, e agora uma crise internacional, com o esfacelamento do Mercosul.

Até quando o povo brasileiro aguentará esse absurdo?

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A aprovação da reforma trabalhista para os trabalhadores brasileiros fez o Uruguai apresentar, durante o último fim de semana, um pedido de consulta ao Mercosul.

 A intenção do Uruguai é forçar o governo federal a convocar os órgãos trabalhistas do Mercosul, para discutir e a apresentar as suas preocupações sobre a reforma trabalhista o governo está promovendo, anunciaram ministros uruguaios.

“O governo uruguaio enviou uma nota ao Brasil, que é o presidente (pró tempore) do Mercosul , pedindo que reúna os órgãos sociotrabalhistas do Mercosul porque queremos analisar que impacto a reforma trabalhista do Brasil pode ter [nos outros países] caso se concretize”, disse o ministro de Trabalho uruguaio, Ernesto Murro.

Para Murro, essa reforma, inclusive, pode atingir trabalhadores e empresários uruguaios.“Se vale mais um acordo individual entre um trabalhador e um empresário do que uma lei ou um convênio, retrocedemos dois ou três séculos”, advertiu Murro.

‘Metendo o bedelho’

De acordo com a agência EFE . o ministro de Relações Exteriores uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, por sua vez, indicou que o seu governo não possui a intenção de se envolver na política local de outro país.

 Na verdade, de acordo com Novoa, a intenção do país latino nesse pedido é de apresentar as suas preocupações sobre esta reforma trabalhista no marco do Mercosul.

“Nós não vamos nos envolver na legislação interna dos países, mas queremos discutir, trocar ideias, apresentar preocupações, porque assim vai ser muito difícil competir. O salário do trabalhador não pode ser a variável de ajuste para a concorrência”, explicou Nin Novoa.

Em julho deste ano, o presidente Michel Temer participou da cerimônia de sanção da reforma trabalhista, a chamada “Lei de modernização trabalhista”, ao lado de autoridades como o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o senador Romero Jucá, o deputado Rogério Marinho, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Durante o período de análise da proposta da reforma, em nenhum momento, o governo Temer ou a oposição chegaram a comentar sobre o impacto da mudança nas leis trabalhistas brasileiras no Uruguai ou em qualquer outra nação que pertence ao Mercosul.

Fonte: IG