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A atividade de ontem à noite – o debate sobre “Revolução Democrática e Eleições 2010”, no Sindicato dos Bancários, no Centro – foi a cara da campanha! Robson Leite e Emir Sader, após breve introdução de Miguel Rossetto, travaram uma discussão importantíssima, sobre os avanços da democracia e de um projeto popular no Brasil durante o governo Lula, e as perspectivas e desafios para os próximos mandatos – federal, com a vitória de Dilma nas urnas em outubro, e estadual.

Miguel Rossetto, Presidente da Petrobras Biocombustível e ex- Ministro do Desenvolvimento Agrário, abriu o encontro apresentando Emir Sader, que considera um dos grandes militantes e intelectuais de esquerda do mundo, “que dá rumo a militância de quem acredita num processo revolucionário democrático e baseado na mobilização popular”. Comentou o livro “Brasil, entre o passado e o futuro”, organizado por Sader e Marco Aurélio Garcia, como um grande apoio “para compreendermos o sentido e o significado político que foi aberto no Brasil com a vitória de Lula”.

Em seguida, apresentou Robson Leite, com quem trabalhou diretamente na Petrobras Biocombustível. Saudou seu histórico de militância republicana, democrática, sempre compromissada com o PT e com a construção de um projeto de esquerda para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Reforçou que está na campanha de Robson: “Ele é meu candidato a Deputado Estadual, alguém em quem confio plenamente”.

Emir Sader, sociólogo e candidato a suplente na chapa para o Senado encabeçada por Lindberg Farias, abriu sua fala com uma breve avaliação sobre o governo Lula. Comemorou a cada vez maior transferência de votos para Dilma – verificada por seu crescimento nas recentes pesquisas de intenção de votos e gerada pelo aumento da consciência política da população e não somente pelo carisma e aprovação de Lula.

Segundo o sociólogo, prova disso seria a alta rejeição de Gabeira no Rio de Janeiro, derivada de sua associação com o candidato do PSDB José Serra: “O povo sabe o que não quer”.

Traçando os desafios para o próximo mandato, Emir destacou três pontos importantes: a necessidade de combater o monopólio do dinheiro, da terra e da palavra.

“Precisamos derrubar a hegemonia do capital financeiro. Hoje, ninguém ganha mais do que a especulação e não há investimento que possa competir com isso. A Votorantim, por exemplo, lucra mais no banco do que produzindo cimento – e isto é errado, pois o capital financeiro não tem compromisso com o desenvolvimento nacional, só com sua própria multiplicação.”

O segundo ponto importante seria o combate ao agronegócio, que não é exclusivo do latifúndio. Hoje, temos médias e até algumas pequenas propriedades produzindo transgênicos para exportação. Essa não deve ser a principal vocação do campo brasileiro. Precisamos investir na propriedade que produz alimento e gera emprego. “E para isso não adianta decreto: precisamos construir um novo modelo para o campo, que consiga mesclar a concepção social, de distribuição de terra, trabalho, renda e alimento, com o desenvolvimento econômico nacional.”

O terceiro monopólio, da palavra, trata da concentração dos meios de comunicação brasileiros em poucas mãos e famílias. Hoje, nossa imprensa é totalmente vinculada a grupos e interesses específicos e, ainda mais, subserviente ao lucro, seguindo uma lógica empresarial. Não podemos pensar em democracia sem vencer essa barreira, do direito a nos comunicarmos: falar, ouvir e ser ouvido. As conferências públicas de comunicação do último ano foram um passo importante para o debate, mas ainda há um longo caminho de democratização a ser percorrido.

Robson iniciou sua apresentação destacando a importância da formação e conscientização para atuação política. “Um mandato participativo, e comprometido com a democracia, deve sempre realizar encontros como este, que discutam política, um projeto de esquerda e de partido.” Veja mais trechos da fala de Robson:

A educação também deve estar a serviço dessa conscientização. O método Paulo Freire já nos indicava o caminho e ainda hoje incomoda muita gente – vide a proibição dos pré-vestibulares comunitários em escolas municipais, decretada por Cesar Maia. O modelo de conscientização popular não agrada aos poderosos: a proibição, que tentou se disfarçar de medida prática de manutenção das escolas, foi, na verdade, ideológica.

Precisamos avançar também na construção de um novo modelo político, defender uma reforma política, que inclua medidas democratizantes como o financiamento público de campanha. A reforma política deve ser a primeira das muitas reformas que o Brasil precisa, como a agrária e tributária.

Nesta eleição, temos uma coligação de dezesseis partidos no Rio de Janeiro, da qual fazemos parte. Isso reflete nossa escolha por construir uma coalização já nas urnas, e não só depois, no governo. Só assim conseguiremos realmente avançar em uma gestão popular, participando de sua formulação desde o começo.

Recentemente, um filme que fez sucesso afirmava que o mundo acabará em 2012, mas isso não é verdade. Nós temos um futuro que queremos construir, e ele passa pelo fortalecimento da nossa direção partidária – não por interesses de grupos, mas pelo interesse de um projeto político de um partido de esquerda, socialista, baseado na representação da maioria e fundamentado na participação das bases. Esse é o nosso PT, e é a partir dele e com ele que queremos governar.

Só com esse fortalecimento poderemos sentar e discutir com nosso Governador e Prefeitos: por que medidas como o orçamento participativo não estão pautadas? Nós, do PT, precisamos construir nossa pauta: qual o projeto do PT para o Rio de Janeiro nos próximos dez anos? Que Estado queremos construir? Isso passa, sobretudo, pela formação política, que é uma tarefa de cada um e uma de nós, que participamos de espaços de militância.

Agora, vamos em frente, eleger os representantes do nosso partido, Dilma Presidenta, Lindberg Senador e seguir transformando o Rio, com um projeto de esquerda, revolucionário e de empoderamento popular!

Veja as fotos da atividade!